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As famílias campineiras no cenário econômico atual

Com o grande número de desempregos, famílias procuram maneiras de sobreviver na atual situação financeira do país
Foto: Agência Brasil
Muitas famílias da região metropolitana de Campinas passaram a depender da ajuda do governo por estarem em situação extrema de falta de dinheiro e muitas vezes já beirando a miséria. Outras pessoas necessitam cortar gastos por não conseguirem mais se manter por conta da falta de recursos. Adriana Santos, moradora da cidade de Americana, aos 19 anos precisou trancar o curso de graduação em Jornalismo por falta de condições financeiras para manter os pagamentos. Mesmo com auxílio de bolsa de estudo e ajuda dos pais e avós, a situação ficou insustentável para continuar, principalmente por não estar conseguindo encontrar uma vaga de emprego ou estágio na área do curso. "Acho muito alto o valor que as universidades privadas oferecem. Eu ganhei uma bolsa na qual eu pagava R$ 638,87 e eles acham esse um preço justo", diz Adriana ao ser questionada sobre o valor das mensalidades e completa "Como eu não estava conseguindo emprego ficou apertado pagar a mensalidade e precisei trancar a faculdade".


Adriana foi apenas mais uma das pessoas afetadas pelo alarmante número de desempregados e afetados pela crise existente no país. Dados levantados pelo IBGE, no mês de abril, indicam que no período de um ano o número de pessoas em situação de extrema pobreza teve um aumento considerável de 11,2%. O que é visto como alarmante por significar que mais de 14 milhões de pessoas se encontram passando por problemas financeiros e por diferentes razões, mas tendo como principal a oportunidades de emprego que elas não encontram.


Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD-C), o número de desocupação cresce e atinge 13,1 milhões de pessoas. Além disso, a pesquisa mostrou a queda de cerca de 858 mil postos de trabalho, tendo redução de 407 mil empregos no setor privado sem carteira e de 358 mil no setor público, e de empregados com a carteira 33,1 milhões de trabalhadores. 

Com o curto dinheiro, a população se vê obrigada a mudar seus hábitos para conseguir manter o mínimo de dignidade possível e ter, pelo menos, a comida na mesa. Mas, não é algo que pode ser generalizado, visto que há casos em que o nível de miséria se torna ainda mais gritante e as pessoas se vêem obrigadas a procurar por outros tipos de ajuda. Seja pedindo dinheiro na rua ou vendendo algo nos semáforos para conseguir o dinheiro, muitas acabam desistindo de procurar um emprego com registro por falta de oportunidades e buscam encontrar maneiras de ajudar no sustento da casa. 

Em outros casos, famílias em situação de extrema necessidade buscam auxílio do governo para seu sustento, como o Bolsa Família. Programa de transferência de renda do Governo Federal, que já foi considerado um dos principais programas de combate a pobreza, tem beneficiado muitas famílias desde sua criação. Somente na Cidade de Campinas, no último ano, foram registradas mais de 34 mil beneficiários, o maior número desde que foi criado. Famílias com rendas abaixo do que se é estimado para se manter um lar recebe o auxílio, como acontece com a família da Joana Maria. Mãe de duas crianças de 2 e 4 anos, ela é impossibilitada de trabalhar devido ao fato de um de seus filhos ser autista e para se dedicar a criança, a mãe se abdicou de trabalhos fora de casa. Com isso, as únicas rendas que têm dentro de seu lar são a do Bolsa Família e o salário mínimo de seu marido.

Famílias com pouca renda se encontram na situação difícil de ter que manter uma casa com um salário que muitas vezes não chega a ser suficiente. Pagar contas e ainda colocar a comida na mesa não é uma tarefa fácil, principalmente porque na maioria dos casos só entra uma única renda dentro de casa. É por isso que os membros da família procuram diversas formas de se manter e ainda precisam passar por situações mais complicadas quando acontece uma perda na família. Como é a situação da Dona Lúcia. Mãe de 4 filhos, sendo que três residem dentro de sua casa, morando de aluguel e sem nenhum auxílio do governo, ela perdeu seu marido recentemente e com isso a única renda que tinham. Hoje, Dona Lúcia recebe uma pensão por causa da morte do marido o que lhe assegura pelo menos o pagamento das dívidas da casa. Mas como não consegue trabalhar em um emprego fixo e registrado por causa do filho mais novo, ela procura formas de conseguir sustentar sua família. Para isso, faz faxina e trabalha numa mercearia. A renda continua não sendo o suficiente, visto que os gastos são muitos. A mãe da família diz “é complicado manter a casa sendo que agora só tem eu para trabalhar e ainda assim é difícil porque tenho um filho pequeno e não é sempre que encontra alguém para ficar com ele enquanto trabalho”.

O que essas histórias têm em comum? Todas envolvem pessoas que encontram diversas dificuldades, porque com a crise econômica o mercado de trabalho não oferece oportunidade para todos. Com isso, a busca por ajuda aumenta. Em meio a este cenário, igrejas se voluntariam para amparar essas famílias. Como ocorre na Igreja Cristo Vive, em Valinhos, na qual o pastor Benedito Plácido se encarregou de elaborar cestas básicas para distribuir à famílias que o buscam em situações de extrema carência. 
Geralmente, as pessoas que recebem a cesta básica são aquelas conhecidas dos membros da Igreja ou os próprios participantes da comunidade. Isso porque quem vai até eles acaba conhecendo o Projeto e falando para outras pessoas que necessitam do auxílio. “Não temos perfil, a escolha é pela necessidade”, diz o pastor Benedito ao ser perguntado como é feita a escolha das famílias beneficiadas pela cesta.
Mas, em algumas situações, o Pastor é procurado apenas para ajudar com um ou outro alimento perecível. “As pessoas que damos alimentos individualmente, são aquelas que passam por aqui e pedem. Não damos a cesta, porque não conhecemos a real necessidade, mas a gente não nega a ajuda”, completa o pastor.

A economia brasileira tem uma renda mal distribuída, o que traz um desnível entre os salários, onde se tem um concentramento muito grande em mãos de poucas pessoas. Aqueles que ganham mais e por assim, deveriam realizar um maior pagamento dos tributos, para que a quantia fosse distribuída em políticas sociais, como por exemplo o Bolsa Família ou políticas públicas, diminuindo a taxa de desemprego da população. Essa é uma das funções do Estado, "O significado da política econômica ou política pública, está em fazer com que consiga dar um bem-estado para a sociedade e para isso existe a parte do cidadão, ele tem que cobrar do Governo e coloca-lo em ação." diz o economista Rubens.

O Estado gasta mais do que arrecada, mas o gasto é ruim, não é investido naquilo que seria necessário para a população, principalmente as mais necessitadas. "O governo investe mal e investe pouco em educação em parâmetros comparados a outros países mais desenvolvidos. O Brasil está sempre com taxas menores de investimento em termos percentuais do que se tem do PIB".



Reportagem produzida para a disciplina Editoração em Jornalismo Impresso, sob a orientação da Profª Cibele Buoro.

Alunos: 
Andressa Silva 
Beatriz Oretti 
Danley Jerônimo 
Isabelle Cristina Azevedo
Michael Cabrerizo 
Renan Casagrande 

UNIP - Campinas 2018

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